Sou fruto dos anos 80 e, na minha infância, minha mãe, minhas tias, as mães das minhas amigas, ainda tinham aquele perfil “donas de casa”, cuidavam do lar, dos filhos, dos maridos, poucas tinham um trabalho fora de casa.
Mas já naquela época, pelo menos lá em casa, o lema já era bem outro , daquele inserido na educação feminina de décadas atrás, “estude para não depender de marido”, sábias palavras que guardo até hoje.
O que se vê nos últimos tempos é uma grande mudança no cenário brasileiro, em que hoje, é totalmente incomum, pelo menos nas grandes cidades, encontrar uma “dona de casa”.
O perfil da mulher brasileira é totalmente outro, hoje elas sonham com sucesso profissional, poucos ou nenhum filho, e encontrar um homem que possa compreender e acompanhar o seu crescimento, do contrário, preferimos ficar sozinhas...
No Brasil, somente em 1827, após três anos da promulgação da primeira Constituição, foi instituído o ensino primário para o sexo feminino, com currículo para o aprendizado da economia doméstica, costura, decoração, etc. Somente em 1877, algumas mulheres começaram a exercer a medicina na cidade de Salvador, lógico que estudando em outros países. Anos depois, em 1879, as mulheres começaram a ter acesso ao ensino superior, entretanto sem exercer a profissão.
Pasmem, somente em 1932 foi dado direito ao voto às mulheres casadas, e somente com autorização dos maridos. O voto obrigatório para todas nós, somente veio a acontecer em 1946.
A primeira mulher a exercer a advocacia no Brasil foi a saudosa Myrthes Gomes de Campos, em 1906, após uma árdua jornada, na qual teve que enfrentar seus familiares e encarar um mundo totalmente masculino e machista, visto que a advocacia era tida como uma profissão que exigia virilidade. Vocês querem mais virilidade do que parir um filho...rsss?!
Não foi, e não é fácil, ocupar nosso espaço na sociedade, pois o preconceito não foi banido totalmente, e ainda é enfrentado por muitas de nós, seja no trânsito, no trabalho ou até mesmo dentro de nossos lares.
Mas temos que aplaudir as desbravadoras do “sexo frágil”, pois é cada vez mais comum e natural, vermos mulheres ocupando cargos que outrora sempre foram ocupados por homens. Ora, quando é que tivemos duas mulheres disputando a presidência?! Quando poderíamos imaginar que uma mulher ocuparia o cargo de Presidente da mais alta Corte do Judiciário?! taí a Ministra Ellen Gracie que não me deixa mentir.
É por isso, que cada vez mais, é inadmissível que nós mulheres deixemos de lutar pelos nossos ideias e pelos nossos sonhos. Nosso destino está em nossas mãos e não podemos deixar nossas vidas e nossos objetivos em segundo plano. NUNCA!
Sandra Lopes.